E pera declaração
desta obra santa et cetra...,
quisera dizer quem são
as figuras que virão
por se entender bem a letra.
                                            Gil Vicente
  ... em  Romagem dos Agravados.
Gil Vicente
   Renascença e Reforma - Líderes políticos e ideólogos - Ideologia e História da Europa
Online desde 2008 - Investigação actualizada sobre as obras de Gil Vicente.
Retórica e Drama - Arte e Dialéctica
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Traços da Biografia de Gil Vicente


-  A propósito do Ensaio sobre a vida e obras de Gil Vicente, de 1834.

Dizem: nam vos enganeis
letrados de Rio Torto,
que o por vir não no sabeis...,
e quem nisso quer pôr peis
tem cabeça de minhoto.

Gil Vicente, Auto de Mofina Mendes, 1534.
     A edição da Biblioteca Portugueza de 1852 (na primeira fotografia) é uma reprodução da edição de Hamburgo de 1834, e como possuímos um exemplar de cada um dos seus três volumes, temos acesso a tudo o que então se interpretou, inventou e publicou.


       Desde que em meados do século XIX se publicaram em Hamburgo (1834, Langhoff) as obras de Gil Vicente com um Ensaio sobre a vida e obras de Gil Vicente, que Osório Mateus atribuiu a Gomes Monteiro, que as academias têm aceitado e repetido à exaustão o que consta deste Ensaio no que diz respeito à lenda das influências de Gil Vicente, desde o Repelón, aos mistérios franceses... Em verdade chegamos a duvidar se alguma vez terão analisado (ou mesmo lido) o Auto del Repelón e algum dos mistérios, como duvidamos se alguma vez terão lido o Enquiridion de Erasmo de Roterdão.

 

 

Sobre as ditas "assinaturas"

deve ler-se:

(Setembro de 2019)

 

Gil Vicente,

nome de um Ser singular

… de Noémio Ramos 

 

Publicado em Outubro de 2019, em:

 

Gil Vicente Auto das Barcas

Inferno - Purgatório - Glória


     No Livro das Obras da Quimera Editores (1993), Osório Mateus faz uma descrição muito completa de todas as edições românticas da Copilaçam de Gil Vicente e, sobre o referido Ensaio escreve: o que fica à vista é o anacronismo de quem escreve em 1834. (...) escreve uma biografia que até hoje não foi muito alterada. Conhece a literatura de Vicente e lança questões que até ao século XX ocupam os vicentistas românticos, sobretudo a lenda das influências, desde Juan del Encina e Torres Naharro até ao teatro de França e Itália. (pág.11).
      Sobre esta questão ainda pensámos em transcrever o referido ensaio, mas são tantos os disparates que não merece esse esforço. Para nós o Ensaio constitui o início da invenção de uma biografia para Gil Vicente, para a sua formação, para as suas fontes e para a origem da sua poética, da sua dramaturgia. Afinal trata-se de um ensaio datado de 1834, trabalho que nada tem de pesquisa, investigação, ou de análise de texto ou de época, etc..
      Consideramos que o referido Ensaio não tem um mínimo de valor, aí estão as invenções da sua naturalidade, em Barcelos, Guimarães ou Lisboa, aí se confunde a mãe de Manuel I (Beatriz) com a sua mulher (Maria) e mãe de João III; aí se diz que invejava um filho que também se chamava Gil Vicente que terá escrito o Auto de Dom Luís e dos Turcos, e que por castigo o enviou para a Índia; aí se diz que Luís e Paula Vicente eram filhos de Branca Bezerra; etc., etc.; grande parte da biografia foi inventada pelo abade Diogo Barbosa que mais tarde os investigadores reduzem a insignificâncias.
      Contudo também neste Ensaio são lançadas as bases das origens culturais das obras de Gil Vicente. E se quanto à biografia, só as enciclopédias mais desatentas e caducas mantêm aquelas falsidades como hipóteses válidas, já quanto às origens culturais são os maiores sábios da nossa praça que ainda mantêm como verdade os pronunciamentos com ilustrações desconexas (textos de Encina e de mistérios franceses, um deles de 1541 — Hotel de Flandres de Luiz Chocquet — e Gil Vicente terá morrido em 1536), que o autor do Ensaio quis escrever deduzindo da leitura rápida de Gil Vicente em confronto com as últimas publicações da época em que escreve... Só barbaridades!
      Os textos ilustrativos das semelhanças com Juan del Encina são aqueles em que os autores figuram expressões populares, ou jogos, ou cantigas, ou modos de actuação no relacionamento entre pessoas... As formas aparentes de um texto, de qualquer texto. Nestes casos são sempre naturais as semelhanças, estranho seria que o não fossem! Ambos estão a reproduzir nas suas peças a vida, a cultura e o modo de ser e actuar de pessoas da mesma época, com os mesmos costumes e as mesmas tradições de jogos e de cantigas.
      Quanto à questão dos mistérios franceses, a muito comentada semelhança apenas se baseia no facto (e ainda hoje é assim) dos nomes, a hierarquia e caracterização dos entes do inferno serem as mesmas, tanto nos mistérios franceses como em Gil Vicente... Ora, isto só denota a ignorância do autor do Ensaio, pois quem restaurou tais entes (que antes haviam sido banidos da doutrina), os (re)caraterizou e organizou numa hierarquia angélica de anjos bons, anjos maus e suas lutas, foi frei Tomás, São Tomás de Aquino na Universidade de Paris. E, na época de Gil Vicente, é ainda Erasmo de Roterdão — entre muitos outros — que no Enquiridion (1503), embora se oponha a muitos dos preceitos de Tomás de Aquino, aceita plenamente as referências a Lucifer, Satanás, Belial e outros mais, caracterizando-os tal como Gil Vicente o fará.

Sobre o Auto del Repelón
de Juan del Encina


      
O mais antigo testemunho da existência do Auto del Repelón data de 1509.
        Nesse ano, de 1509, o Repelón foi integrado na quinta edição do Cancionero de todas las obras de Juan del Enzina com las coplas de zambardo: & com el Auto del repelon enel qual se introduzen dos pastores Piernicurto & Johapara & com otras cosas nuevamente añadidas. Nem na quarta edição, impressa a 5 de Janeiro de 1507, nem em nenhuma das anteriores consta o Auto del Repelón

        Na edição de 1509, a primeira em que surge o Repelón, as obras estão ordenadas pela ordem em que foram criadas e o Auto del Repelón é a última que aí consta. Nesta obra são publicadas traduções da Bucólicas de Virgílio, seguem-se as coplas, os Disparates, etc., e só por fim os Autos. Em 1509 foram publicadas também, em avulso e separadas, o Auto del Repelón e as Coplas de Zombardo.

        Lembramos que a primeira edição das obras de Juan del Encina de 1496 é bastante completa quanto aos géneros e quantidade de obras produzidas, como se pode verificar pela edição facsimile (1928) da Biblioteca Virtual Cervantes. Por isso também queremos, apresentar a descrição de Emilio Cotalero, no Prólogo da edição facsimile de 1928, do Cancionero de Juan del Encina, sobre a quinta edição de todas as obras de Juan del Encina, de 1509:

       “Al folio lxxvij vuelto empiezan las Representaciones: las ocho primeras acaban en el recto del xcj. A la vuelta empiezan las Coplas de San Pedro.
En el verso del folio xciij empieza la égloga: Miguellejo, ven acá, que es la de las grandes lluvias; en el xcv, la que comienza: Ninguno tenga osadía, que es el Triunfo del Amor; en el vuelto del xcvij la de Fileno y Zambardo, y en el vuelto del ci el Auto del repelón. Acaba el tomo en el recto del folio ciiij, con este colofón:
        Fue esta presente obra emprimida por Hans Gysser aleman de Silgenstat en la muy noble & leal cibdad de Salamanca: la qual dicha obra se acabo a VIJ del mes d'agosto del año d'mil & quinientos & nueve años. (…) letra gótica. (Bib. Nac. R-12645.)”

        Acresce à necessidade de datar exactamente o Repelón, a sua compreensão. A avaliar como têm sido interpretadas as primeiras Representações de Juan del Encina, julgo que ainda não foi apresentada uma análise que demonstre uma compreensão dos significados do Auto del Repelón de 1508 ou 1509. Aliás como tem acontecido com a obra de Gil Vicente.


       A questão que se coloca é de saber porque é que Encina em Repelón, 1509, e Gil Vicente em, 1510, recuperam nas suas obras o saiaguês.


      Dos investigadores que tentaram repor a verdade devemos destacar: Teófilo Braga com um amplo trabalho, Brito Rebelo desmascarando as invenções, e Anselmo Baamcamp Freire pesquisando todas as referências ao mundo pessoal e social que Gil Vicente faz nas suas obras. Depois quase não há continuidade na investigação. Repetiram-se e sedimentaram-se os mesmos erros, pondo ao mesmo nível o trabalho destes com as invenções dos outros. Com os ataques a que foram expostos, mesmo Teófilo Braga e Brito Rebelo chegaram a duvidar de si próprios...

      E a dúvida de Brito Rebelo, como a de Teófilo Braga, está no mesmo documento - o dito recibo de 1535 - que tem servido para afirmar que há duas assinaturas de Gil Vicente que são diferentes, e que também serve para dizer que ele estava em Évora com a Corte portuguesa em Julho e Agosto de 1535 e aí terá permanecido até à morte.
      Em verdade, este mesmo documento demonstra que Gil Vicente não estava em Évora naquela data, possivelmente por já estar doente e não se poder deslocar, e por essa razão o seu filho estaria em Évora para assinar aquele recibo, e nele terá colocado o nome de seu pai, pois, a quem eram antecipados oito mil reais por conta do que tinha a receber anualmente.
      Só esta atitude justifica a anotação de pé de página fazendo referência a Belchior Vicente.


      Devemos ainda descrever a situação anedótica da atribuição do nascimento, do berço de Guimarães, para Gil Vicente. Foi por uma proposta..., sim foi por proposta de Pires de Lima (?) que a naturalidade de Gil Vicente devia ser esta.
E porquê? Porque naquela cidade havia muitos joalheiros (confundindo o comerciante da oficina de ourives, com o artista plástico), mas Lisboa teria muitos mais ourives (joalheiros)... Espantoso não é?
      Bom, mas como Guimarães foi apenas uma proposta inventiva (e até "patriótica"), houve quem afirmasse que Gil Vicente seria natural da Beira, porque num dos seus autos, que na forma aparente se passa na Beira, o autor faz referência a muitas localidades e costumes daquela região...
      Então avoluma-se a anedota..., com uma solução maravilhosa!
      Guimarães passaria a ser Guimarães de Tavares, uma localidade perto de Mangualde. Incrível, não é mesmo!?
      E estas "soluções" são apresentadas seriamente... Por académicos.

      Justiça seja feita a Costa Pimpão, que detectou que Gil Vicente não tem assim tanta simpatia pelas Beiras dos seus Autos. Quanto às referências às localidades, aos costumes, ao queijo e à sua preparação, na obra de Gil Vicente, repare-se como as tais localidades se situam ou situavam no percurso de Lisboa, ou mesmo de Coimbra, para o Trancoso, a maior Feira de Portugal na época, e que esta localidade (Trancoso) está no percurso para Medina del Campo, a maior Feira de Espanha e uma das maiores da Europa.
      Assim como Gil Vicente, muitas outras pessoas terão passado por tais localidades, observado os costumes, e até por curiosidade, perguntado ao galego na Feira do Trancoso ou pelo caminho, na berma de uns matos sós, como se produz aquela iguaria, aquele queijo da serra da Estrela...
      Assim em vez de continuarmos com as lendas criadas a partir deste Ensaio ou estudando outros textos "patrióticos", preferimos ler e analisar seriamente a obra de Gil Vicente.


Pesquisa, investigação,
... e trabalho científico:

      As bases científicas para uma pesquisa e investigação em Arte, foram expostas por Noémio Ramos nas suas obras, ao mesmo tempo que exemplifica as metodologias com o trabalho que desenvolve. Como na análise do Íon de Platão, ou na análise do Auto da Visitação de Gil Vicente, etc..
      Um trabalho de reflexão sobre as metodologias será necessariamente feito após as investigações e com os seus resultados, pois as reflexões metodológicas que acompanham as investigações evoluem com a prática teórica e com os resultados alcançados, contudo os princípios fundamentais foram expostos e demonstrados por Noémio Ramos com a análise dos textos de Platão sobre o Belo (as Artes), sobretudo na análise dos Hípias e de Íon.
      O problema principal, já exposto por Noémio Ramos nas suas obras sobre Gil Vicente, iniciada em Julho  de 2005, com a publicação de Os maios de Olhão e o Auto da Lusitânia de Gil Vicente, portanto há já cinco anos, é que, de um modo geral, as academias em Portugal estão sempre à espera de um iluminado que venha do estrangeiro dizer como é... Como se deve fazer e, sobretudo, o que está certo ou errado.
      Esta atitude provinciana leva a que se repita com citações, atrás de citações, aquilo que já foi dito por qualquer desses iluminados, sendo sagradas (bíblicas) e essenciais as suas palavras. Para as academias de Portugal parece ser assim que se desenvolve trabalho "científico". E nesta situação, qualquer investigador sério que tenha desenvolvido o seu trabalho e até publicado, caso não tenha prestado a devida vassalagem às hierarquias bíblicas estabelecidas, é isolado, tratado como um virus, posto em quarentena, silenciado e hostilizado, criando-se à volta dos assuntos tratados uma área de reagentes que tentam a todo o custo manter as palavras bíblicas mais estabelecidas, e cujo comportamento se aproxima da Censura e da Inquisição. Nas palavras de Platão é a reacção daqueles que estão na Caverna perante aquele viu a realidade da vida, e dos factos, e a descreve a quem nunca conseguiu sair do que já está estabelecido como certo no interior da Caverna, primeiro porque tomam apenas o estrangeiro como iluminado, sem se aperceberem que ele vem de uma outra área da Caverna, depois porque se recusam a aceitar que um dos seus, alguém que desconsideram, lhes possa vir argumentar com algo que não são capazes de ver.
      As "reacções" aos trabalhos de Noémio Ramos, publicados em 2005 e em Agosto de 2008, estiveram presentes no Teatro Nacional São João do Porto, com o Breve Sumário da História de Deus em (Dez. Jan) 2009-2010, e no Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa, em Abril e Maio de 2010. Tanto um como outro suportados pelo Ministério da Cultura de Portugal. A par destas "reacções", estão alguns artigos de menor qualidade publicados para o efeito de propaganda destas acções de mentalização do povinho. Assim registará a História os acontecimentos: 2005, 2008, 2009, 2010... Aliás como Noémio Ramos sublinha nas suas publicações fazendo referência a estes espectáculos.
      Todavia Noémio Ramos não ficou parado e o seu trabalho, impar, oferece novos elementos em Abril de 2010, que vêm esclarecer mais quatro peças de Gil Vicente, Índia, Visitação, Sibila Cassandra e Velho da Horta. Além de apresentar a justificação dos Autos de Natal, como marcadores importantes da História da Europa do século XVI e da prosa e Retórica de Gil Vicente pela Carta de Santarém de 1531, e pelo Preâmbulo, a juntar ao esclarecimento e análise do Auto da Alma (Agosto de 2008) e à presença de Erasmo de Roterdão nas obras de Gil Vicente.

Lisboa, Novembro de 2010.

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       Pouco, ou quase nada, se sabe sobre a vida de Gil Vicente.
No início do século XX, alguns investigadores procuraram, pela documentação existente (pelas raras referências ao autor dos autos), estabelecer os dados mais correctos da sua biografia.
        Apesar dos muitos textos produzidos sobre o assunto, a grande maioria das publicações não passam de fantasias "patrióticas", algumas publicadas mesmo em revistas de referência (Revista Lusitana) e por eminentes docentes das Faculdades de Letras.
        Contudo, os dois investigadores que procederam de modo científico, com base na documentação, não tiveram relação com os estudos universitários, referimo-nos ao General Brito Rebelo e a Anselmo Braamcamp Freire (político republicano, eleito para presidente da Câmara Municipal de Lisboa ainda durante a monarquia, deputado durante os primeiros anos da República com consistente acção política). A Torre do Tombo e alguns outros arquivos foram o seu campo de pesquisa...
         Foi Braamcamp Freire que se destacou e nos deu a maior contribuição para conhecer a biografia de Gil Vicente. As suas publicações foram condensadas na obra "Gil Vicente trovador, mestre da Balança", cuja segunda edição, corrigida, foi publicada em 1944. Até hoje, em termos científicos, não se encontra publicado nenhum outro trabalho sobre o assunto, como também afirma o Professor José Camões da Faculdade de Letras de Lisboa.

        Por estes trabalhos científicos de B. Freire, sabe-se que Gil Vicente teve, pelo menos, cinco filhos, dois do primeiro casamento com Branca Bezerra: Gaspar Vicente, e Belchior Vicente..., e três do segundo. Terá enviuvado e, do novo casamento, com Melícia Rodrigues, teve: Paula Vicente, e Luís Vicente (que em 1561-62 publicariam a sua obra) e Valéria Borges.
         Por Belchior Vicente, sabe-se que foi amigo pessoal do pintor Francisco Henriques (flamengo, estabelecido de longa data em Portugal) pintor (frequentador da casa do poeta e talvez colaborador) que trabalhou para o rei Dom Manuel I, e em Évora, morreu vitima da peste em 1519.

       Na sua obra B. Freire dá-nos conta de documentação existente e resolve todas as controvérsias sobre o indivíduo ao serviço da Corte portuguesa de nome Gil Vicente, demonstrando que os filhos do ourives são os filhos do poeta dramaturgo, e que, portanto, ourives e poeta são uma e mesma pessoa.
      Todavia, sobre a obra dramática, para além da minuciosa investigação sobre as personalidades citadas e de algum modo sobre certas datas, as suas interpretações literárias deixam muito a desejar, constituindo mesmo, apesar da enorme consideração pelo mérito do autor dos autos, uma "negação" da Arte e Literatura do Autor.

       Uma outra perspectiva da biografia de Gil Vicente é dada pela sua obra dramática, onde o autor se figura em algumas das personagens das suas peças, e sobretudo, no Auto da Lusitânia onde apresenta uma figuração da sua autobiografia, contudo, sem um conhecimento da realidade e, sem profunda compreensão de toda a sua obra, torna-se dificil uma leitura da realidade na construção metafórica dada pelo autor naquele Auto.

- Livros publicados no âmbito desta investigação, da autoria de Noémio Ramos:

(2019)  - Gil Vicente, Auto das Barcas, Inferno - Purgatório - Glória.
(2018)  - Sobre o Auto das Barcas de Gil Vicente, Inferno, ...a interpretação -1.
(2017)  - Gil Vicente, Aderência do Paço, ...da Arcádia ao Paço.
(2017)  - Gil Vicente, Frágua de Amor, ...a mercadoria de Amor.
(2017)  - Gil Vicente, Feira (das Graças), ...da Banca Alemã (Fugger).
(2017)  - Gil Vicente, Os Físicos, ...e os amores d'el-rei.
(2017)  - Gil Vicente, Vida do Paço, ...a educação da Infanta e o rei.
(2017)  - Gil Vicente, Pastoril Português, Os líderes na Arcádia.
(2017)  - Gil Vicente, Inês Pereira, As Comunidades de Castela.
(2017)  - Gil Vicente, Tragédia Dom Duardos, O príncipe estrangeiro.
(2015)  - Gil Vicente, Auto dos Quatro Tempos, Triunfo do Verão - Sagração dos Reis Católicos.
(2015)  - Gil Vicente, Auto dos Reis Magos, ...(festa) Cavalgada dos Reis.
(2014)  - Gil Vicente, Auto Pastoril Castelhano, A autobiografia em 1502.
(2013)  - Gil Vicente, Exortação da Guerra, da Fama ao Inferno, 1515.
(2012)  - Gil Vicente, Tragédia de Liberata, do Templo de Apolo à Divisa de Coimbra.
(2012)  - Gil Vicente, O Clérigo da Beira, o povo espoliado - em pelota.
(2010)  - Gil Vicente, Carta de Santarém, 1531 - Sobre o Auto da Índia.
             - Gil Vicente, O Velho da Horta, de Sibila Cassandra à "Tragédia da Sepultura" 
(2ª Edição, 2017)
(2010)  - Gil Vicente, O Velho da Horta, de Sibila Cassandra à "Tragédia da Sepultura".
(2010)  - Gil Vicente, Auto da Visitação. Sobre as origens.
(2008)  - Gil Vicente e Platão - Arte e Dialéctica, Íon de Platão.
             - Gil Vicente, Auto da Alma, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II... 
(2ª Edição, 2012)
(2008)  - Auto da Alma de Gil Vicente, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II...

- Outras publicações:
(2003) - Francês - Português, Dicionário do Tradutor. - Maria José Santos e A. Soares.
(2005) - Os Maios de Olhão e o Auto da Lusitânia de Gil Vicente. - Noémio Ramos.

  (c) 2008 - Sítio dedicado ao Teatro de Gil Vicente - actualizado com o progresso nas investigações.

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