E pera declaração
desta obra santa et cetra...,
quisera dizer quem são
as figuras que virão
por se entender bem a letra.
                                            Gil Vicente
  ... em  Romagem dos Agravados.
Gil Vicente
   Renascença e Reforma - Líderes políticos e ideólogos - Ideologia e História da Europa
Online desde 2008 - Investigação actualizada sobre as obras de Gil Vicente.
Retórica e Drama - Arte e Dialéctica
Teatro 1502-1536
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Poética
A Poética de Aristóteles
Em  Gil Vicente, Auto da Visitação, Sobre as origens
...pode ler um resumo da Poética de Aristóteles
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Resumo da Poética de Aristóteles

                        
  ...assim começa Aristóteles a Poética:

      Como o nosso tema é a poética propomo-nos falar não só da poética em si, mas também das suas espécies e das suas respectivas características: do mythos (da trama requerida) para compor um belo poema; do número e da natureza das partes constitutivas de um poema, e também dos restantes aspectos que dizem respeito a esta investigação.
       Seguindo pois a ordem natural e começando pelas primeiras observações de base, verificamos que
[as técnicas das Musas] a epopeia e a poesia trágica, assim como a comédia, o ditirambo e, em grande parte a técnica de tocar a flauta e a cítara, consideradas de um modo geral, são todas figurações da realidade. Mas, ao mesmo tempo diferem entre si em três aspectos: seja pela diferente classe de meios, seja pelos objectos, seja ainda pelo modo como realizam as suas figurações.
      [Como a pintura e a escultura - seguindo Platão] Pois assim como a cor e a forma são usadas como meios por quem - seja por uma técnica, seja pela   experiência da sua prática, - figura e desenha diversos objectos mediante a sua ajuda; e, como a voz é empregada por outros; assim também, para o grupo das técnicas que mencionámos, os meios são, na sua generalidade, a linguagem, a harmonia e o ritmo, empregues muito simplesmente em si mesmo, ou em determinadas combinações.

        
         Nota:
As Técnicas das Musas (as músicas, além da música e do canto, incluiam a poesia, o drama, a dança e o espectáculo em geral), são aquelas susceptíveis de criar um espírito de corpo envolvendo o seu público, criando aficionados, entusiasmando, dominando o público ligando-o entre si e com o espírito da obra no espectáculo (numa cadeia de aneis magnetizados).
      A nossa alternativa foi apresentarmos um breve resumo da nossa interpretação do texto da Poética, que realizámos a partir da leitura de várias traduções do texto de Aristóteles. Não se trata de uma tradução, nem sequer de transcrições, mas de uma leitura resumida que fizemos a partir da análise do texto (nos textos disponíveis), tendo em vista a descrição da arte dramática que faz o autor da Poética.

      Aristóteles faz as seguintes observações sobre a tragédia, a comédia, a sátira e a epopeia (o poema épico). Em geral, tragédia refere-se ao drama (inclui portanto a comédia) e, quando não as diferencia é porque as considera semelhantes:
     
      1) Quanto à métrica dos versos, a própria natureza se encarregou de encontrar o que é mais adequado à tragédia, isto é, o jâmbico [na língua grega da época], segundo sabemos o mais flexível de todos os metros.
      
No início de quinhentos, na língua portuguesa, — o mais flexível de todos os metros, o mais próximo de uma linguagem natural e coloquial, — considerou-se ser a redondilha maior, com versos quebrados quando necessário... (Não o será ainda hoje?)

      2) Quanto ao modo como se diferencia da epopeia, a tragédia procura manter-se, sem que isso seja prioritário ou vinculativo, mas tanto quanto possível, dentro de um ciclo solar ou nesta medida aproximada.

      3) Quanto à riqueza comparativa entre a epopeia e a tragédia, verifica-se ainda que, a tragédia contém todos os elementos da epopeia, mas esta não comporta todos os da tragédia. E por isso a tragédia é superior à epopeia.

      O autor da Poética especifica ainda antes, que as diferenças entre as artes que investiga, no que respeita aos processos de figuração (mimesis), se concretizam: pela definição dos seus objectos; pelos meios que utilizam; e pelos modos como os figuram (narram, apresentam ou representam).

      Assim:
      1) Quanto aos modos, estabelece então:
      (a) a diferença entre a comédia e a tragédia:
           enquanto a tragédia figura o ser humano, o Homem no seu melhor, idealizado; a comédia figura no seu pior, caricaturado; a sátira apresenta ou figura o Homem tal como é.
      (b) nas artes da Poética a sua semelhança está no drama:
           o elemento que constitui traço comum da tragédia e comédia, — a acção dramática figura as acções enquanto se desenvolvem; nas formas de arte onde se representam acções humanas, a actuação das personagens tem por objectivo formular o mythos, não a realidade ou a história real.

      2) Quanto aos meios, que são o ritmo, a melodia e o verso, são aparentemente os mesmos para a tragédia e para a comédia (e sátira), verificando-se a diferença no tipo de verso utilizado, na sua métrica, mas esta é uma diferença não vinculativa que pode ser explicada pelas suas diferentes origens.

     3) Quanto à definição dos objectos, finalmente, não há diferença alguma, ou não se manifesta qualquer diferença entre as obras dramáticas, sejam a tragédia, a comédia ou a sátira, o seu objecto é sempre a acção dramática.

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Conceitos fundamentais:
    
...pela Poética, na arte dramática (no Teatro), nem a tragédia é uma tragédia real, nem o temor nem a compaixão, são outros que não sejam os criados (figurados) na mente humana ao assistir a uma acção dramática que desenvolve um drama trágico, numa figuração da realidade, e portanto, purgar resulta numa figura de estilo, diríamos que de uma outra figura de estilo.
     
       O temor e a compaixão trágicos, da arte dramática, são figurativos, não são causados pelas nossas próprias ligações afectivas, são em cada momento, a possível figuração delas, serão sempre um resultado do nosso Ver, pela nossa leitura, da nossa figurada entrada (imitada, vivida em pensamento) no mundo figurativo da acção dramática da peça, da sua aceitação, vivência virtual e compreensão… E assim será também a catarse que se deve produzir no nosso espírito. Esta catarse vai acontecer com a tomada de consciência (clarividência) do nosso Ser quando alcançar Ver — perceber e compreender o âmago (a hiponóia grega) da peça — numa leitura completa do seu mythos, com a resolução da situação figurativa criada na acção dramática.

       O sentir desta catarse (resolução emocional) realiza-se no pensamento do leitor (espectador) da acção dramática, porquanto pensar e sentir são uma e mesma entidade. O seu sentido está na continuidade da acção dramática e do seu desenlace, encontra-se no desfecho que o criador da obra, através das peripécias, soube criar para fechar a peça, numa reviravolta capaz de resolver as situações introduzidas durante as partes precedentes, de suposto (porque figurativos) temor e compaixão, que decorrem da concepção do mythos da peça. Esta catarse está assim dependente da mestria colocada nas formuladas peripécias, que culminam num conclusivo reconhecimento (por clarividência), — tal como o recordar de algo, uma tomada de consciência de uma recordação vivida por parte do público — fornecido pelas mudanças de rumo verificadas com o desenlace.
   Destacamos ainda...

      A mais importante das seis partes constituintes é a combinação dos incidentes: o mythos. A tragédia é, na sua essência, uma figuração, não das pessoas, mas da acção e da vida, da felicidade e da desdita. Toda a felicidade do Homem, ou a sua desgraça (a desdita), derivam do desenrolar de acontecimentos, que assumem formas e dimensões que são consequência da sua prática como indivíduo actuante, pelo que são sempre resultado de acções humanas: pois o fim para o qual nós vivemos é uma espécie de actividade e não uma qualidade.
      O protagonista pode incluir em si mesmo todas as qualidades, porém como é pelas acções - pelo nosso comportamento ou actuação, pelo que nós fazemos - que somos felizes ou não, também, e por consequência, num drama, uma personagem não actua para representar um carácter, cada personagem inclui um carácter em função da acção. De modo que, é a acção em si mesma, o seu mythos, que constitui o fim ou propósito da tragédia (ou da comédia), e este fim é o principal, é o que é essencial de entre as suas partes constituintes. Além disso, uma tragedia é impossível sem acção, ainda que as possa haver sem carácter.
       Podemos encontrar e concordar com uma série de discursos característicos da mais alta e fina expressão na técnica da tragédia, no que respeita à elocução e ao pensamento, e apesar disso verificarmos ser frequente o seu fracasso na produção do verdadeiro efeito trágico. Não obstante, verificamos muito maior êxito com uma tragédia que, por inferior que seja nestes aspectos, possua em si mesma uma trama bem arquitectada - uma combinação de incidentes, agregando as mais poderosas técnicas de provocação da atracção na tragédia, - incluindo as peripécias e os reconhecimentos, que são as partes constituintes do mythos, dos incidentes e dos episódios na sua combinação.

- Livros publicados no âmbito desta investigação, da autoria de Noémio Ramos:

(2019)  - Gil Vicente, Auto das Barcas, Inferno - Purgatório - Glória.
(2018)  - Sobre o Auto das Barcas de Gil Vicente, Inferno, ...a interpretação -1.
(2017)  - Gil Vicente, Aderência do Paço, ...da Arcádia ao Paço.
(2017)  - Gil Vicente, Frágua de Amor, ...a mercadoria de Amor.
(2017)  - Gil Vicente, Feira (das Graças), ...da Banca Alemã (Fugger).
(2017)  - Gil Vicente, Os Físicos, ...e os amores d'el-rei.
(2017)  - Gil Vicente, Vida do Paço, ...a educação da Infanta e o rei.
(2017)  - Gil Vicente, Pastoril Português, Os líderes na Arcádia.
(2017)  - Gil Vicente, Inês Pereira, As Comunidades de Castela.
(2017)  - Gil Vicente, Tragédia Dom Duardos, O príncipe estrangeiro.
(2015)  - Gil Vicente, Auto dos Quatro Tempos, Triunfo do Verão - Sagração dos Reis Católicos.
(2015)  - Gil Vicente, Auto dos Reis Magos, ...(festa) Cavalgada dos Reis.
(2014)  - Gil Vicente, Auto Pastoril Castelhano, A autobiografia em 1502.
(2013)  - Gil Vicente, Exortação da Guerra, da Fama ao Inferno, 1515.
(2012)  - Gil Vicente, Tragédia de Liberata, do Templo de Apolo à Divisa de Coimbra.
(2012)  - Gil Vicente, O Clérigo da Beira, o povo espoliado - em pelota.
(2010)  - Gil Vicente, Carta de Santarém, 1531 - Sobre o Auto da Índia.
             - Gil Vicente, O Velho da Horta, de Sibila Cassandra à "Tragédia da Sepultura" 
(2ª Edição, 2017)
(2010)  - Gil Vicente, O Velho da Horta, de Sibila Cassandra à "Tragédia da Sepultura".
(2010)  - Gil Vicente, Auto da Visitação. Sobre as origens.
(2008)  - Gil Vicente e Platão - Arte e Dialéctica, Íon de Platão.
             - Gil Vicente, Auto da Alma, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II... 
(2ª Edição, 2012)
(2008)  - Auto da Alma de Gil Vicente, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II...

- Outras publicações:
(2003) - Francês - Português, Dicionário do Tradutor. - Maria José Santos e A. Soares.
(2005) - Os Maios de Olhão e o Auto da Lusitânia de Gil Vicente. - Noémio Ramos.

  (c) 2008 - Sítio dedicado ao Teatro de Gil Vicente - actualizado com o progresso nas investigações.

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