Assim, até ao ano de 1556, em Portugal, o início do ano não tinha uma data certa, podia considerar-se o seu início em 25 de Março, pelo ano da anunciação, e este era o preferido pela Igreja... Neste caso, o dia 24 de Março de 1534 era seguido pelo dia 25 de Março de 1535; o mês de Março ficava distribuído pelos dois anos; os meses de Janeiro e Fevereiro, assim como a maior parte do mês de Março, ficavam no fim de cada ano, e não no início.
Todavia, outras datas para marcar o início do ano estavam também em uso, assim como:
— pelo nascimento, em que o dia 25 de Dezembro marca o início do ano;
— pela circuncisão, que era também o início na calendário Juliano, com início a 1 de Janeiro…
— pela anunciação, 25 Março (9 meses antes do nascimento), que era também o início do ano económico com a Primavera;
Embora o dia de Ano Novo se comemorasse em 1 de Janeiro, na prática, era comum a mudança de ano efectuar-se a 25 de Março, com o início do ano económico, ou mesmo a 1 de Abril (como em Inglaterra até há bem pouco tempo).
Em Portugal, como em alguns outros países da Europa, só em 1556 é que o ano se passou a iniciar, obrigatoriamente, em 1 de Janeiro, pois, embora isso mesmo já tivesse sido decretado pelo rei D. João I, na prática continuou-se a usar em sectores diferentes, o início do ano em datas diferentes.
Em Veneza, esta mudança obrigatória para todos, deu-se em 1522, mas noutros países só muito mais tarde.
Esta alteração não está relacionada com a adopção do calendário Gregoriano, que se realizou em 1582, e que foi uma alteração para aferição do calendário em relação às estações do ano, que então correspondeu a um salto: ao dia 4 de Outubro de 1582 seguiu-se o dia 15 de Outubro de 1582, o objectivo foi acertar o calendário em relação ao número de dias (horas, segundos), à medida mais exacta do ano, para recolocar as estações do ano no seu lugar próprio...