Novidade de 2022 - Depósito Legal:  498262/22

 

Título:  Gil Vicente Auto da Lusitânia (1532)

Sub.título:  ...Sobre 'Jubileu de Amor' (1531)

 

       O Auto da Lusitânia constitui a peça chave para descodificação das Obras de Gil Vicente.

O Autor mostra como devem ser apresentadas ao público todas as suas peças. Abre os segredos da 'linguagem dos deuses', a linguagem de Hermes…

 

            Exemplifica a Construção da Ironia 

           - em 'Todo-o-Mundo e Ninguém', que constitui o núcleo essencial do Auto da Lusitânia onde, no todo da peça, o Autor expressa o usufruto e luta pela Liberdade de Pensamento e sua Expressão.

 

 

Na sequência da nossa publicação de 2018:

"500 anos 500 / Sobre o Auto das Barcas de Gil Vicente - Inferno - a interpretação -1"

 

Apresentámos nova publicação em Setembro / Outubro de 2019:

 

Gil Vicente - Auto das Barcas

Inferno - Purgatório - Glória

1518 - 1519       

 

...onde encontra alguns temas sobre a biografia de Gil Vicente:

Gil Vicente, nome de um Ser singular

A assinatura de Gil Vicente, e o suposto assinar em dois ditos "recibos".

 


Sobre o dito Auto da Barca do Inferno  de Gil Vicente
       O Auto das Barcas de Gil Vicente é uma peça de teatro, que, pelo seu conteúdo dialéctico, pode constituir uma obra de maior importância para a educação, formação cultural e cívica dos cidadãos, e não só dos portugueses.
      Com esta publicação – sobre um texto que quase todos falantes da Língua portuguesa conhecem – pretendemos incentivar o debate público, alargando-o o mais possível, incidindo sobre a peça de Teatro em si mesmo, o seu texto e a sua encenação: forma, sentido, significados, interpretações… Mas num debate onde havemos de dispensar a didáctica das Lições de Cátedra dirigidas aos ouvintes, tipica das Conferências e Colóquios com discursos programados, tipo nós (os transmissores do Saber) e os outros (os receptores).
      A forma privilegiada será sempre preparar e distribuir o debate, e realizando-o preto no branco, pois perante o registo documental se há de apurar a reflexão.
      Oxalá a académica erudição vicentista, dispersa por todo o universo de estudo da Língua e Cultura portuguesa, saiba estar à altura do desafio e dispor-se a cumprir aquilo que é o seu dever universal.

Março de 2018
Noémio Ramos
 
1518 - 2018
Sobre o Auto das Barcas de Gil Vicente - Inferno
Livro impresso: ...pedidos ao editor: LÓGOS - Biblioteca do Tempo







Índice deste Livro


Introdução -- 7
Nós e a erudição vicentista -- 7
Status quo - Inferno -- 9
In statu quo - o debate -- 25
Inferno pela alma simples -- 38
Demonstração -- 64
Caracterização das personagens -- 68
Definindo o pecado -- 68
Anjo (e Anjos) -- 69
Diabo: Lúcifer -- 71
Companheiro do Diabo -- 73
Fidalgo, d. Henrique: a Soberba (a Bazófia) -- 73
Onzeneiro: a Usura (o Embuste) -- 75
Parvo, Joane: a Gula -- 76
Sapateiro, Joane Antão: a Ira -- 77
Florença: a Vanglória -- 81
Frade, frei Babriel: a Vaidade (e Usurpação) -- 86
Alcoviteira, Brísida Vaz: a Luxúria -- 92
Judeu: a Inveja (e Heresia) -- 94
Corregedor e Procurador: a Fraude (e Ganância) -- 96
Enforcado: a Acídia (e Traição) -- 101
Cavaleiros:  Jactância (Soberba e Violência) -- 104
Concluindo -- 108







E porquê?

Porque
Quase todos os anos as editoras portuguesas que publicam livros para a educação dos jovens, devidamente apoiadas pelos mais destacados académicos, especialistas vicentistas, renovam as suas edições de Inferno, Índia, Inês Pereira, Alma, e até outras obras de Gil Vicente. Agasta-nos o estado da educação em Portugal, porque os docentes sempre foram e continuam a ser os últimos valores considerados pelo Poder numa escala de gente formada superiormente ou mesmo sem esta formação – exactamente por serem os mais mal pagos representam a última escolha profissional, quando, para assegurar o futuro do País, devia ser a primeira escolha, – e custa-nos continuar a constatar que, nas edições referidas, se verifique por demais as grandes dificuldades dos seus autores em “conseguir interpretar, relacionar e analisar informação contida em textos, literários e informativos, relativamente complexos”, que assim continuam a transmitir aos mais jovens educandos essa sua herança. E custa-nos ainda porque, desde 2008, que, sobre as obras de Gil Vicente, temos demonstrado e continuado a demonstrar, em termos científicos de facto (que não por formalismos estéreis), revelando o como fazer, a metodologia científica em acção, em resumo e em termos comuns, realizando a análise da informação contida em textos literários (dramáticos) e informativos (em didascálias) relativamente complexos, bem como a relacionar a informação, até com (toda e) a respectiva realidade coetânea, e a interpretar mais correctamente os textos relativamente complexos das obras de Teatro do nosso Autor dramático mais destacado.[1]. Acresce que desde 2008 que temos vindo a enviar às mais importantes universidades portuguesas, e estrangeiras, com destacados estudos vicentistas, todas as obras que vamos publicando, pelo que podemos e devemos concluir que nos últimos dez anos temos andado a lançar pérolas a porcos. Porque, na melhor das hipóteses, os nossos trabalhos nem foram lidos, pois talvez porque a nossa simpleza não se coadune com o quilate da proeminente erudição académica vicentista, porém, parece-nos que, contra o que seria de esperar por parte dos Conselhos Científicos, estes não têm zelado pelos objectivos universais, o universalis inerente às universidades, pela necessária e constante actualização da universalidade do conhecimento no que respeita à erudição vicentista. Não se trata de profanação, estamos apenas a constatar a realidade actual emanada dos meios culturais e eruditos mais especializados, um facto porque, nem do nosso trabalho nem da sua simpleza, em dez anos, nunca houve qualquer pronunciamento negativo, ou contestação, nem o mínimo reflexo.

          Não negamos, nem somos contra as interpretações simplistas - mas repudiamos as simplórias - pois, as interpretações simplistas são dominantes em todo o cenário nacional, porque o Autor das Obras assim as criou, com o Filósofo e o Parvo – Parvo atado ao pé – de tal modo que assim admitem ser lidas ou representadas na sua simpleza, seguindo Platão [em Fedro, 277c], oferecendo à alma complexa discursos complexos e com toda a espécie de harmonias, e simples à alma simples.[2] Nem somos contra, sobretudo porque assim as Obras chegam a todos, e como as almas simples não constituem entidades instituídas, não são responsáveis pela formação da população a quem se divulga as leituras simplórias das peças, nem intervêm na educação dos jovens estudantes nas escolas, onde se continua a impor a simpleza interpretativa das Obras. O que contestamos firmemente é a imposição e insistência na simpleza oferecida ao público e à educação dos jovens – a leitura do Parvo – por aqueles que, sentindo ter trepado ao lugar mais alto da torre de marfim, ocupando as cátedras universitárias e assumindo-se como especialistas vicentinos, subtraem aos educadores dos jovens as interpretações mais avançadas das Obraspela leitura do Filósofo (...).

NOTAS:
[ 1]   Sublinhe-se que a mais reconhecida, e especializada, no assunto Comunidade científica internacional não negou nem apresentou ainda qualquer contraditório do que nós afirmámos. Os académicos (especialistas) portugueses fingem, é talvez o termo mais benévolo, fingem não ter lido os nossos trabalhos, assim pondo em causa o bom-nome das instituições de que fazem parte.
[ 2]   Correspondendo a um resumo do que Platão desenvolve em Fedro, concluindo a partir de 271a . Platão, Górgias, O banquete, Fedro, Editorial Verbo, Ed. 1973. Pág. 376.
... havemos de considerar que uma alma simples – naturalmente o leitor comum – não é necessariamente estúpida, nem estulta ou néscia, é com certeza uma alma muito capaz de reflectir sobre os problemas reais que se lhe colocam, os racionais, sensíveis e emotivos, em suma, os problemas essenciais da vida humana.
Acresce ainda que, mais recentemente, em Janeiro de 2018, a Direcção Geral das Artes, a entidade que em Portugal é responsável pelo financiamento de entidades e estruturas propalantes de actividades artísticas, pela distribuição de subsídios que sustentam organismos parasitários do Estado, e dos artistas e seus projectos – donativos para camuflar os milhões oferecidos às TVs privadas a título de serviços culturais que estas dizem prestar – divulgou na sua Newsleter#210, a sustentação do apoio do Estado, e a extensão da duração do projecto do espectáculo ao longo dos anos, incluindo 2020 (portanto de 2016 a 2020), bem como, a par da representação a organização de “oficinas para professores” e um Ciclo de ConferênciasGil Vicente no seu tempo e no nosso tempo”, coordenado pelo Consultor científico do projecto: José Augusto Cardoso Bernardes. Investigador que, no âmbito deste projecto, se multiplica em conferências pelo país e em entrevistas aos mais diversos órgãos de comunicação social, divulgando (ou subtraindo o saber, pois: “Não haverá, por certo, muita gente interessada em saber se Gil Vicente…”. Ou “Muito provavelmente, porém, a curiosidade dos espectadores não anda associada à erudição dos vicentistas”) como afirma o ilustre consultor na sua erudição vicentista aos professores deste país e aos seus jovens estudantes.